terça-feira, 14 de julho de 2020

UMA EDUCAÇÃO POSSÍVEL PÓS-PANDEMIA





Cleusa Batista de Oliveira Costa[2]

Resumo: Este artigo tem como objetivo relatar pretensões de quatro professoras que projetam um mundo possível pós-pandemia na Educação. Visto que esse momento é uma situação a típica, pois o COVID-19[3] nos proporcionou uma paralisação mundial, fez com que a sociedade em geral se recolhesse num isolamento social para evitar que o vírus se disseminasse em meio a população local, regional e mundial. É uma doença respiratória nova que foi identificada pela primeira vez Wuhan, na China. Atualmente, a transmissão se dá principalmente de pessoa para pessoa. Alguns dos passos percorridos para chegar lá foram encaminhar orientações para profissionais da Educação sobre o projeto, descrever as falas das professoras com o que desejam, mostrar como esses desejos se constituem, relatar detalhadamente o que cada professora narrou, apresentar as propostas de um mundo melhor. Devido o dilema com um mundo possível pós-pandemia essa pesquisa se justifica através da reflexão de narrativas de professoras da Educação Básica obtidas através de vídeos sobre o que se projeta na Educação pós-pandemia, tendo como referência o estudo de campo. Para tanto, foi utilizado como método para coleta de dados informações realizadas através de vídeos a pesquisa de campo, bem como o encaminhamento de orientações sobre o projeto para educadores contribuir com a pesquisa, através do estudo levantado no referencial teórico sobre a opinião das pessoas para o que almejam pós-pandemia. Para esse estudo foram abordadas as teorias de Lazzarato (2006) visando as possibilidades de um mundo possível; Azevedo (2013) versa sobre as intervenções urbanas para uma convivência melhor; Senhoras (2020) discorre sobre a pandemia do Coronavírus. A partir das análises dos vídeos que foi possível perceber a importância dos relatos das professoras, dos quais podem refletir e contribuir para um mundo possível pós-pandemia, tendo como referência o estudo de campo através das gravações para mostrar que podemos conviver com o vírus. Os desafios são muitos, porém cada um fazendo sua parte, podemos superar os obstáculos. Enfim, por meio desse estudo espera-se com essa pesquisa contribuir para a divulgação de novas possibilidades pós-pandemia. Um mundo melhor é possível.


Palavras-chave: educação, paralisação mundial e isolamento social.


O presente artigo tem como finalidade discutir um mundo possível pós-pandemia na Educação, considerando que esse momento é uma situação a típica, pois o Coronavírus nos mobilizou de forma tão severa que induziu o mundo a uma paralisação, obrigando a sociedade em geral a um isolamento social para evitar que o vírus se dissemine em meio a população local, regional e mundial.
Devido o dilema com um mundo possível pós-pandemia essa pesquisa se justifica através da reflexão de narrativas de professoras da Educação Básica obtidas através de vídeos sobre o que se projeta na Educação pós-pandemia, tendo como referência o estudo de caso. “E um estudo que analisa um ou pouco fatos com profundidade. A maior utilidade do estudo de caso é verificada nas pesquisas exploratórias e no início de pesquisas mais complexas.” (SILVA, 2003, p. 63).
Portanto, buscou-se reunir dados/informações com o propósito de responder ao seguinte problema de pesquisa: como os relatos dos vídeos podem refletir ou contribuir com um mundo possível pós-pandemia?
O presente trabalho tem como objetivo geral apresentar como os relatos dos vídeos podem refletir ou contribuir com um mundo possível pós-pandemia para mostrar que podemos conviver com o vírus, com a finalidade de demonstrar a conveniência dos desejos no estudo de campo.
A metodologia da pesquisa, assume como estudo de caso, sendo exploratória, de caráter descritivo, no que lhe concerne, proporcionar maior familiaridade com o problema, tornando-o explícito ou construindo hipóteses sobre ele através de principalmente do levantamento bibliográfico. Por ser uma pesquisa muito específica, quase sempre ela assume a forma de um estudo de caso (GIL, 2008).
De acordo com Rampazzo (2005), a pesquisa é um procedimento reflexivo, sistemático, controlado e crítico que permite descobrir novos fatos ou dados, soluções ou leis, em qualquer área do conhecimento. Dessa forma, a pesquisa é uma atividade voltada para a solução de problemas por meio dos processos do método cientifico.
Para um melhor tratamento dos objetivos e melhor apreciação desta pesquisa, observou-se que ela é classificada como pesquisa exploratória. Detectou-se também a necessidade da pesquisa bibliográfica no momento em que se fez uso de materiais já elaborados: livros, artigos científicos, revistas, documentos eletrônicos e enciclopédias na busca e alocação de conhecimento sobre os vídeos para mostrar que podemos conviver com o vírus, correlacionando tal conhecimento com abordagens já trabalhadas por outros autores.
A Professora Doutora Maria Thereza Azevedo do Programa de Pós-graduação em Estudo de Cultura Contemporânea da Universidade Federal de Mato Grosso realiza todos os anos uma poética/intervenção urbana na cidade de Cuiabá promovida pela Disciplina Poéticas Contemporâneas I Estéticas emergentes na cidade, a qual ministra aula. Neste ano, especificamente devido ao isolamento social pelo COVID-19, a realização da ação de intervenção segue uma nova direção, tendo como proposta narrativa em vídeos de cidadãos que almejam uma vida possível pós-pandemia.
“Estas práticas coletivas de intervenção urbana interrompem o fluxo da padronização e do estigma, propõe outra forma de olhar e pensar sobre os espaços urbanos; instiga a participação e a convivência”, fatos que Azevedo (2013, p. 144) sempre vem defendendo na sociedade contemporânea.
A pesquisa dispõe de relatos de professoras da Educação Básica sobre a situação vivenciada no momento pelo Coronavírus, bem como uma reflexão sobre o assunto estudado no decorrer da disciplina Poéticas Contemporâneas I Estéticas emergentes na cidade.
O COVID-19 forçou o Mundo a um isolamento social rigoroso para evitar que o vírus se espalhe em meio a população, causando desconforte e até mesmo pânico nos seres humanos, sem contar nas novas formas de decisão que os líderes governamentais tomaram por conta dessa pandemia atual, Lazzarato mostra que é possível outro mundo:
 [...] o acontecimento desviou-se de suas condições históricas para criar algo de novo: uma mistura de corpos (um novo tipo de relação que se torna possível estar junto, que se expressa em novas formas de tomada de decisão, de definição de objetivos e metas) e também novas formas de expressão, em que o enunciado “um outro mundo possível” é apenas um dentre muitos resultados. [...] (LAZZARATO, 2006, p. 21)

Sabe-se que as autoridades chinesas confirmaram em janeiro de 2020 que haviam identificado um novo coronavírus. Os coronavírus estão por toda parte. Eles são a segunda principal causa de resfriado comum (após rinovírus) e, até as últimas décadas, raramente causavam doenças mais graves em humanos do que o resfriado comum, afirma o site iSaúde.
Os impactos da pandemia do novo coronavírus, responsável pela pandemia da doença COVID-19 é considerável, em especial na área da Educação, assim como os vídeos das professoras que será mostrado nos resultados. Diante disso, Senhoras (2020) discorre sobre as alterações da rotina que nesse campo vem enfrentando no momento:
[...] o sistema educacional merece destaque, uma vez que, em função dessa pandemia, o direito à educação tem sido abruptamente privado dos estudantes em seus mais diversos níveis de ensino, pois assim como toda a sociedade, a efeito das políticas públicas de saúde adotadas no país, estão em período de distanciamento social, evitando qualquer tipo de aglomeração, como principal medida para reduzir o contágio pelo vírus. (SENHORAS, 2020, p. 148)

Dentre os aspectos em discussão sobre uma educação possível pós-pandemia, vale destacar os profissionais da linha de frente nesse momento, tais como gestores escolares, professores e toda a equipe multiprofissional envolvida no processo educacional como, por exemplo, pedagogos, assistentes sociais, psicólogos, entre outros. Além disso, também temos daqueles que tem o ‘poder da caneta’, no sentido de definir as diretrizes a serem seguidas, mostra Senhoras (2020):
Diante de tantas incertas, vem à tona a necessidade de penar nas estratégias que serão utilizadas para atenuar os impactos da crise provocada pela pandemia. Assim, surgem vários questionamentos, não só dos que estão na linha de frente executando as atividades – gestores escolares, professores e toda a equipe multiprofissional envolvida no processo educacional como, por exemplo, pedagogos, assistentes sociais, psicólogos, etc. - , mas também daqueles que tem o “poder da caneta”, no sentido de definir as diretrizes a serem seguidas. (SENHORAS, 2020, p. 149)

Diante disso, Lazzarato (2006) apresenta suas palavras ponderadas sobre essa questão da pandemia que é abordada mundialmente, mostrando que o vírus abalou as estruturas pessoais, econômicas e sociais no Planeta:
O mundo possível existe, mas não existe mais fora daquilo que o exprime: os slogans, as imagens capturadas por dezenas de câmeras, as palavras que fazem circular aquilo que “acaba de acontecer” nos jornais, na internet, nos laptops, como um contágio de vírus por todo o planeta. O acontecimento se expressa nas almas, no sentido em que produz uma mudança de sensibilidade (transformação incorporal) que cria uma nova avaliação: a distribuição dos desejos mudou. Vemos agora tudo aquilo que nosso presente tem de intolerável, ao mesmo tempo que vislumbramos novas possibilidades de vida [...] (LAZZARATO, 2006, p. 21-22)

            Vale ressaltar que o COVID-19 está causando impactos negativos no mundo, não só no meio educacional como em outras áreas há uma alternativa para superar essa paralisação, a solução são os recursos tecnológicos como aliado nesse momento para atenuar tais impactos, conforme aponta Senhoras (2020):
A pandemia do novo coronavírus exige que todas as áreas da sociedade criem alternativas para driblar os impactos negativos que ela tem ocasionado. No sistema educacional, a educação a distância, por meio do avanço tecnológico e de seus múltiplos recursos, tem sido considerada uma alternativa para atenuar tais impactos, em função do distanciamento social que tem sido utilizado como principal medida de combate ao vírus. (SENHORAS, 2020, p. 154)

Perante essa discussão, Azevedo (2013, p. 144) acorda para as ações de intervir no coletivo para um mundo melhor, “estas práticas coletivas de intervenção urbana interrompem o fluxo da padronização e do estigma, propõe outra forma de olhar e pensar sobre os espaços urbanos; instiga a participação e a convivência.”
Este estudo teve como objetivo apresentar como os relatos dos vídeos criados por professoras da Educação Básica de Alta Floresta – MT podem refletir ou contribuir com um mundo possível pós-pandemia para mostrar que podemos conviver com o coronavírus, com a finalidade de demonstrar a conveniência dos desejos no estudo de campo. Trata-se de uma proposta de intervenção na tentativa de proporcionar uma reflexão sobre o assunto discutido na atualidade. 
Pode-se dizer que as intervenções criadas são ações realizadas por professoras da Educação Básica de Alta Floresta – MT que contribuem para refletir sobre a situação dessa pandemia no mundo. Neste contexto, para Azevedo (2013) fica claro que as situações criadas como intervenções estão no âmbito das experiências com práticas artísticas contemporâneas, que inclui artistas e não artistas e buscam através de processos colaborativos, também o exercício do estar junto. 
É nesse contexto que relato os propósitos das quatro professoras que criaram os vídeos argumentando seus ensejos para a Educação pós-pandemia, assim destaco as docentes: Cleonete, Edileuza, Lúcia e Rosy. 
Assim, descrevo o relato da professora Cleonete: “O que desejamos? Hoje por exemplo, o que está acontecendo em redores? Qual é a causa maior? O que está ocorrendo? Esse vírus COVID-19, essa pandemia... Então, o que desejamos a Educação pós-pandemia? O que nós podemos contribuir, o que que nós podemos colaborar? Então assim, esse COVID-19 foi um vírus que já ocorreu há muito tempo atrás. Ele foi isolado e agora é, ele foi reativado. Então assim, pegou não só a nossa cidade, mas o mundo todo essa pandemia, então assim pegou praticamente todo mundo de surpresa, uma coisa que nós não esperávamos e realmente uma coisa fez parar a cidade, parar o Estado, parar o mundo. Então, o que, é... podemos fazer pra amenizar esse causto desta/desse vírus bombástico? Então assim, o que queremos é que as pessoas conscientize. É um vírus que pode a qualquer momento, todos nós estamos sujeitos a ele. É... eu vou dizer estou livre, claro que não, estou sujeito a pegar esse vírus. Mas o que fazer? O que eu posso fazer pra contribuir, para evitar que vírus seja disseminado? É fazer as prevenções, é cumprir as regras de evitar o contagio do/ desse vírus o COVID-19. E com isso, eu fazendo minha parte, eu diretamente ou indiretamente eu estarei contribuindo com a Educação, com a sociedade e meu papel. O que eu posso fazer, que diante do meu conhecimento a priori que eu tenho pode-lo contribuir com os mais próximos, com quem convive ao meu lado, indiretamente, com o que eu posso contribuir para fazer uma boa ação. É, a partir desse momento, que eu tomar/estiver fazendo essas prevenções, eu automaticamente, eu estarei mudando uma cultura, uma sociedade, estarei prevenindo os próximos. E a partir, eu vejo assim, que a partir do momento que estarei fazendo a minha parte, é uma contribuição que eu estou dando para o mundo, para a nossa cidade e até mesmo pra quem convive comigo. Então o que eu espero da/na Educação após essa pandemia? Porque? não só, e... como já falei no início: é... essa pandemia, pegou todo mundo de surpresa, parou tudo, parou todos, então quem não tinha conhecimento passou ter conhecimento, conviveu com esse vírus e está convivendo. Tem pessoas que ainda não... é... pelo fato de ficar em casa está reduzindo, está reduzindo, está ramificação desse vírus. E o que a Educação em si? O que eu posso falar de Educação? Foi um algo que... tudo novo, possivelmente a Educação 2020 jamais será a mesma, pois onde teve ou onde terá que adaptar esse mundo virtual, à distância, porquê o momento não é propicio para poder é... estudar. Então, manter a distância e para nosso Brasil não está preparado com a... para suprir uma educação nesse sentido.”
            A mestra Cleonete fez uma ressalva geral sobre o aparecimento do COVID-19 e um panorama de disseminação, bem como uma prévia recomendação com os cuidados para evitar a contaminação. É preciso, porém, ir mais além dessa discussão. É exatamente a visão sobre uma Educação pós-pandemia que se refere na pesquisa. Por todas essas razões, a professora frisa na questão da conscientização pessoal de cada um para a prevenção do Coronavírus, é notório que isso resulta numa educação em 2020 renovada. O que importa, portanto, é adaptar métodos que contemple o sistema virtual, ou seja, uma educação à distância. Por exemplo, essa é uma tarefa para os nossos líderes municipais e estaduais refletirem com cuidado para que as decisões sejam aplicadas com responsabilidade.
Como bem nos assegura Azevedo (2013), pode-se dizer que são muitas as experiências de intervenções urbanas realizadas no tempo presente que se proliferam de vária formas e em várias circunstâncias e possibilitam a intersecção entre artes. Neste contexto, fica claro que o exercício da interdisciplinaridade que supõe o exercício da intersubjetividade prevaleça. Vale ressaltar, contudo, é constatar que essa pesquisa visa mostrar a contribuição de cada professora sobre sua visão futura sobre a Educação pós-pandemia, conforme explicado acima.
A formadora Edileuza descreveu de forma sucinta o que deseja para a Educação pós-pandemia: “E to aqui fazendo uma reflexão sobre esse momento de crise que estamos vivendo em consequência da pandemia do Coronavirus. E é como professora que faço análise desse momento. Acredito que para essa análise há que se reportar ao antes e há que se projetar um depois. Como era antes? Correria infinda, não tínhamos tempo para absolutamente nada, para uma visita a uma pessoa amiga, para o laser, éramos consumidos pela correria desenfreada do dia-a-dia. E de repente chega o vírus de mansinho, sem aviso prévio, trazendo medo, preocupações e incertezas. Tudo para! Precisamos ficar em casa e aí nos lembramos da correria de outrora e concluímos que pode ser diferente, que podemos organizar melhor nosso tempo. Hoje olhamos para as escolas fechadas, eu não estou trabalhando diretamente na escola porque atuo na Formação Continuada o que me permite acompanhar a rotina das escolas e ter contato com vários colegas professores e que dizem: como é triste olhar as escolas fechadas, sentir  a falta do sorriso dos nossos alunos, de um abraço afetuoso. Coisas simples, tão comuns outrora e agora fazem tanta falta. E aí cabe uma reflexão: faz sentido a correria? Não. Agora em casa com as nossas atividades docentes suspensas. Nós refletimos: podemos fazer diferente sim. Os nossos alunos estão tendo experiências diferentes, estão tendo aprendizagens diferentes e nos também. Estamos nos aproximando das novas tecnologias, víamos adiando este momento e agora fomos praticamente forçados a nos apropriar, a nos familiarizar com as novas tecnologias. Porque tudo vai voltar ao normal, mas vai ser um normal diferente, nossos alunos não serão os mesmos e nós também não seremos mais os mesmos professores. Por isso, estamos aproveitando esse momento para nos aperfeiçoar profissionalmente para oferecermos aos nossos alunos aulas mais inovadas, com metodologias ativas que proporcionam maiores significados aos conteúdos que nós trabalhamos com nossos alunos. E quando tudo passar, nós estaremos mais amadurecidos profissionalmente e mais preparados para colher nossos alunos, com toda atenção e carinho que eles merecem. E de toda essa dificuldade, todo esse sofrimento que esse contexto nos oferece, nós tiramos aprendizado. Então, foi preciso um momento para nós reportarmos para o nosso interior e verificarmos que podemos ser diferentes, podemos olhar as situações diferente, como está acontecendo com tanta gente. Estamos percebendo uma intensificação da solidariedade humana manifestada pelo mundo inteiro, diante desse contexto de sofrimento. Então, vamos nos preparar para o retorno, será breve. Os nossos dirigentes estaduais, municipais estão buscando estratégias para um retorno seguro das aulas. E nós aguardamos ansiosos para esse momento, cheios de esperança, porque é a esperança que nos fortalece, é a esperança que nos guia nesse momento de preocupações. E enquanto esperamos, vamos fazer nossa parte, cuidando da prevenção da melhor forma possível, usando máscara e todas as outras medidas de proteção orientadas pelas autoridades de saúde. Até mais!”
Cabe apontar que a professora Edileuza foi direta ao assunto, destacou de forma ponderada, por exemplo, a questão da paralisação das atividades escolares, frisando o sentimento de tristeza por parte dos docentes e provavelmente os discentes também estão sentindo falta da escola, a realidade explicita um quadro bem distinto do esperado, pois o isolamento social é um momento difícil que estamos percorrendo. Além disso, cada um deve fazer sua parte, usar todas as medidas de proteção orientadas pelos profissionais da saúde. Diante do exposto, como a professora disse, é um momento de intensificar a solidariedade humana, dessa forma, o que prevalece é a esperança de um mundo melhor.
Conforme verificado por Senhoras (2020), a pandemia do novo coronavírus colocou o sistema educacional numa espécie de 'sinuca de bico', especialmente por deixar o sistema diante de um cenário nunca visto, conforme explicado acima. Trata-se inegavelmente em diminuir contágio pelo vírus e, assim, evitar o colapso do sistema de saúde, foi preciso atribuir o distanciamento social, pois este passou a ser a principal recomendação dos órgãos oficiais, no Brasil e no mundo, evitando, portanto, todo e qualquer aglomeração.
A educadora Lúcia relata suas projeções para Educação pós-pandemia: “O que desejamos para a Educação pós-pandemia, né? O que projetamos? Na Educação projetamos é... uma educação onde nós professores possamos trilhar caminhos pelas tecnologias, onde é... estamos aprendendo a lidar com essas tecnologias pra que nossas aulas sejam mais atrativas e que a gente consiga se comunicar de forma melhor com esse aluno do século XXI. Na realidade, queremos na educação pós-pandemia que os alunos se conscientize da importância da tecnologia, do uso da tecnologia de forma consciente e não pensando que é...  qualquer informação é válida, porque as informações precisam ser checadas pra que elas tenham validade e a gente sabe que o mundo da tecnologia ele está cheio de fake News. Então, o que que nós queremos pós-pandemia? Queremos que a Educação, que os nossos representantes olhem para a Educação de forma consciente, onde vejam que os alunos do Brasil, na grande maioria os da escola pública eles não tenham esse acesso e o que a gente percebe hoje é um conhecimento fragmentado. Então, eu desejo o melhor, desejo que nós pós-pandemia sejamos pessoas melhores, pessoas mais engajadas, mais preocupadas com o Planeta, mais preocupado um com o outro, né. E dando vez e voz aos alunos. Penso que estamos mudando muito pouco, não acredito que pós-pandemia haja uma mudança tão significativa, porque a mudança pra nós na Educação, ela precisa ser mental e cultural. Essa mudança mental e cultural, ela é muito lenta, porque nós precisamos querer que essa mudança aconteça. Quando eu falo de mudança mental, isso depende de cada um, depende do meu querer mudar e quando eu falo de mudança cultural é uma mudança em que nós estamos percebendo que da forma que a Educação está , ela não pode continuar, mas, porém isso cabe a mim mudar. E realmente, eu espero que nós consigamos mudar nossa mentalidade, nossa cultura e que esse pós-pandemia, ele traga algo maior pra nós enquanto seres humanos e nos enquanto educadores é devemos intender que precisamos a cada dia nos empenhar, precisamos buscar, precisamos nos melhorar enquanto professores, pra que essa educação também chegue num patamar de excelência. Obrigada!”
Fica evidente na fala da Educadora Lúcia que há muito a ser mudado, pois, cada mudança depende de nós, seja pessoal, seja profissional. A melhor maneira de compreender esse processo é considerar que haja uma mudança mental e cultural, conforme citado no relato de Lúcia. Julgo pertinente destacar, por exemplo, a questão que os educadores precisam empenhar e melhorar enquanto professores, para que a Educação se aproxime de um patamar de excelência. 
Conforme verificado por Lazzarato (2006), o mundo possível existe perfeitamente, mas não existe fora daquilo que o expressa (enunciado, rosto ou signo) nos agenciamentos coletivos de enunciação, conforme demonstrado acima. Trata-se de conferimos já uma certa realidade aos possíveis ao falar, uma vez que a linguagem é a realidade do possível enquanto tal. Assim, reveste-se de particular importância dizer que esse mundo possível (ou da expressão) atua em primeiro lugar no nível da alma enquanto transformação incorporal, que modifica a maneira de sentir, as modalidades de afetar ou de ser afetado.  
A professora Rosy discorre seus desejos sobre um mundo possível pós-pandemia: “Um mundo melhor é possível? É possível? O momento que estamos vivendo hoje é um momento diferente. Alta Floresta – Mato Grosso está nesse momento, está nesse contexto. Aonde o toque não está mais presente, o abraço apertado também, ele deixou de ser agraciado, mas acreditamos que estamos chegando no fim, no fim desse processo. E um novo recomeço é possível, um recomeço que nos torna pessoas melhores, sensíveis, solidarias e que podemos valorizar ainda mais o toque, o cheiro e o aconchego. Aonde essa pandemia vai passar e os sonhos e projetos saíram do papel. E o recomeço será o desejo de cada um de nós para uma sociedade melhor, igualitária e feliz.”
Logo, a professora aborda a questão da percepção dos cinco sentidos, visto que estes não são mais permitidos no contato físico com o outros, uma vez que a sociedade se encontra num isolamento social para se proteger contra o contágio do Coronavírus.
Perante essas discussões, vale citar Azevedo (2013), pois a autora aborda realmente a questão da subjetividade nesse mundo contemporâneo:
A cidade enquanto um sistema complexo regulado pela produção, pelas relações formalizadas de trabalho e de família, pelos valores de consumo impulsionados pelas mídias, pelas burocracias que às vezes impedem o fluxo das coisas, cria um universo de sociabilidades obrigatórias, cheia de funções, horários e distribuição de tarefas, de regras inventadas para controlar-nos uns aos outros. Isso fortalece em nós uma subjetividade capitalística. (AZEVEDO, 2013, p. 138)

Diante dessa perspectiva, para alcançar o objetivo geral desta pesquisa foi preciso elaborar um questionário sobre o projeto de coleta de dados para o estudo do caso, tais como: solicito o registro de sua fala por um vídeo; gravar um vídeo sobre o que desejamos na Educação pós-pandemia, segue algumas questões para nortear: O que projetamos? O que queremos? Em que estamos mudando? Enviar o vídeo até dia 15/06/2020 para meu Whatszapp. Diga a cidade e estado de onde está falando. O vídeo será postado no You Tube e Facebook. Esta ação é um trabalho final da disciplina “Poéticas Contemporâneas I – Estéticas emergentes na cidade” do Mestrado.
Enfim, os resultados dos vídeos relatados mostram que é possível uma Educação pós-pandemia e podemos conviver com o vírus, por exemplo, com a finalidade de demonstrar os desejos de cada professoras no estudo de campo.
De acordo com Azevedo (2020), seguindo as orientações de para conclusão dos resultados dessa pesquisa:
Diante do quadro de isolamento social em que vivemos hoje no mundo, diante da crise do capitalismo, crise de valores, e o processo de mudança que o ser humano sofre no tempo presente e entendendo esta etapa como uma etapa de  transição, assim como foram as guerras e outras pandemias no passado, a proposta é a realização de uma ação em que se manifeste uma semente dessa vida por vir. A proposta é criar uma série de registros de desejos e sonhos de uma vida possível, de uma cidade possível, de um mundo possível, levando em consideração o pensamento de Lazzarato (2006 apud AZEVEDO, 2020) sobre “Um outro mundo é possível”.

Diante disso, é relevante destacar que durante a transcrição das narrações realizadas pelas professoras sobre o que projetam para a Educação pós-pandemia presentes nos vídeos sobre o assunto, geraram uma consonância de opiniões em comum e evidenciaram a responsabilidade de cada um nas precauções quanto a prevenção do contágio do Coronavírus. Espera-se, portanto, que este estudo contribua para uma reflexão sobre um mundo possível pós-pandemia, aliás, que permitam o ser humano despertar o seu lado solidário com o próximo.
O presente estudo possibilitou investigar informações de pessoas que projetam um mundo possível pós-pandemia acerca de coleta dos dados por vídeos. Nesse sentido, podemos afirmar com a análise dos vídeos foi possível perceber a importância dos relatos das professoras podem refletir e contribuir para um mundo possível pós-pandemia, tendo como referência o estudo de campo por meio dos vídeos para mostrar que podemos conviver com o vírus.
De modo geral, as falas das professoras foram relevantes, pois o que se espera não só na Educação, mas em outros setores é que o ser humano seja mais solidário, fraterno e primeiro, responsáveis com suas atitudes de seguir as orientações das autoridades da saúde para evitar o contágio e a disseminação do Coronavírus. Além disso, espera-se que os governantes sejam cuidadosos com relação na criação de novas diretrizes para a Educação, mais especificamente quanto as ações decisivas para o retorno das aulas. 
O estudo demonstrou como é essencial para o ser humano uma reflexão sobre a possibilidade de um mundo melhor pós-pandemia. Diante das falas das professoras ficou evidente que os objetivos dessa pesquisa foram realmente alcançados. 
Os vídeos possibilitaram uma meditação não usual acerca da situação vivenciada pelo COVID-19, pois os argumentos foram favoráveis a possibilidade de um novo mundo pós-pandemia. Por isso, fica evidente que ações coletivas são enriquecedoras e motivadoras nessas circunstancias de isolamento social.
            Vale ressalta a importância do tema, o que se faz necessário a difusão de planos que visem mais intervenções urbanas para despertar na sociedade um olhar mais humano para o outro. 
Nessa perspectiva, os relatos dos vídeos permitem reflexão acerca uma oportunidade de um mundo possível pós-pandemia para demonstrar que podemos conviver com o vírus.


REFERÊNCIAS

AZEVEDO, Maria Thereza O. Passeio de sombrinhas: poéticas urbanas, subjetividades contemporâneas e modos de estar na cidade. Revista Magistro, Rio de Janeiro, v. 8, n. 2, p.138-146, 2013.

GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2008.

LAZZARATO, Maurizio. As revoluções do capitalismo. Tradução de Leonora Corsini. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2006.

RAMPAZZOLinoMetodologia científica: para alunos dos cursos de graduação e pós-graduação. 3. ed. São PauloLoyola2005, 48 p.
SAIBA COMO SURGIU O COVID-19. iSaúde Brasil, Bahia, 17/03/2020. Disponível em: https://www.isaude.com.br/noticias/detalhe/noticia/saiba-como-surgiu-o-covid-19/. Acesso em: 10 de julho de 2020.

SENHORAS, Elói Martins. COVID-19 e o olhar social. Boa Vista: Editora da UFRR, 2020, 173 p.

SILVA, Antonio Carlos Ribeiro. Metodologia da Pesquisa Aplicada à Contabilidade.  São Paulo: Atlas, 2003.




[1]Artigo para a Disciplina Poéticas Contemporâneas I Estéticas emergentes na cidade – PPGECCO/UFMT.
[2]Mestranda em Estudos de Cultura Contemporânea – PPGECCO/UFMT. E-mail: cleusaoliver07@yahoo.com.br.
[3] É uma doença respiratória nova que foi identificada pela primeira vez Wuhan, na China. Atualmente, a transmissão se dá principalmente de pessoa para pessoa.

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