Programa de
Pós-Graduação dos Estudos Culturais
Contemporâneos da Universidade Federal de
Mato Grosso/ PPG -ECCO/ UFMT.
Disciplina: Poética contemporânea I
Professora: Drª Maria Thereza Azevedo
Discente: Ms. Maria de Lourdes Fanaia
Castrillon
O possível não mais orienta o
pensamento e a ação
de acordo com alternativas preconcebidas, do tipo:
capitalistas trabalhadores; homem ou mulher; trabalho ou lazer etc.; trata-se de um de um possível que ainda precisa ser
criado. E esse novo "campo
de possíveis", que traz consigo uma nova distribuição de potenciialidades, desloca
as oposições binárias expressa novas possibilidades de vida.
Maurizio
Lazzarato (2006)
A proposta desse ensaio contempla o projeto Mundo Possível da disciplina
poética contemporânea I do
Programa de Pós Graduação dos Estudos Culturais Contemporâneo da Universidade
Federal de Mato Grosso (PPGECCO/UFMT). Para tanto, o objetivo do texto é
abordar o cenário atual que
vivenciamos, um tempo de incertezas devido o fenômeno
global o Coronavirus (Sars-Cov-2 ) causador da atual pandemia de Covid
19[1]. Diante disso pode-se dizer que o surpreendente
fenômeno pandêmico impactou; o tempo frenético do homem,
as transações econômicas, as viagens à negócios
ou a lazer ficaram limitadas, e de modo geral os projetos de vida foram protelados. Trata-se
de um tempo em que, convivemos com problemas estruturais existentes em períodos anteriores a esse
momento como; crises politicas e econômicas, recessão, desempregos,
desastres ambientais, gerando
consequências negativas sociais,
e atualmente esses fatores se
agravaram ainda mais, com a crise sanitária pois enfrentamos um misto de instabilidades, angustias e medos. O medo é próprio da natureza humana e pode-se dizer que neste momento não é
só a pandemia que causa angustia ou
temor mas de modo geral o desemprego,
fome em suma a sobrevivência . De todo modo, as mudanças e adequações
necessárias provocadas pela pandemia da Covid 19
interferem nas nossas relações sociais e estilos de vida, nos hábitos alimentares, nas relações de
trabalho e nas formas de ser e de viver do homem. O tempo de incerteza exige
não só enfrentamentos mas também acentuam sobressaltos e reflexões
em especial as contradições sociais existentes na
sociedade brasileira.
Com a difusão do vírus as
nossas relações com a cidade e
com o espaço publico foram alteradas e uma serie de questionamentos
sobre as nossas relações
com o espaço urbano. A ausência do convívio social no espaço
urbano interferiu nas formas de manifestar desejos artísticos as
atividades de lazer que até então eram corriqueiras passaram a ser
anormais e, embora o isolamento social seja necessário, a longo prazo esse protocolo não substitui por exemplo, passeios em parques e praças, shows e festivais artísticos e culturais, viagens
entre outros. Associando o cenário atual
com as ideias de Maurizio Lazzarato, um
acontecimento nos faz ver aquilo que uma época tem de intolerável, mas faz
também emergir novas possibilidades de vida (LAZZARATO. P.22. 2006)
pode-se dizer, que a crise sanitária é um acontecimento que provoca diversas
inquietações e segundo os postulados do autor articular
possibilidades e desejos
inauguram, por sua vez, um processo de experimentação e de criação.
Para tanto, pensar num mundo possível, nos provoca reflexões, e atua em primeiro lugar no nível da alma
enquanto transformação incorporal, que modifica a maneira de sentir, as
modalidades de afetar ou de ser afetado (LAZZARATO.P 25. 2006) A respeito dos efeitos do acontecimento pandêmico observa-se, através
dos relatos colhidos via celular o que as pessoas desejam ou anseiam
para um mundo melhor após a crise
sanitária ? Entre os “desejos dos relatos dos entrevistados e usuários
desta cidade” estão; o sistema educacional especialmente a indígena, politicas publicas urbanísticas com maior compromisso do poder publico.
O sistema educacional público, precisa
ser repensando, novos
protocolos com estruturas físicas mais adequadas, já que
propõe um convívio coletivo, é pertinente reelaborar
o cuidado e segurança de todos no
que se refere às melhorias na acessibilidade para higienização, assim como o
meio de transporte e a merenda escolar. Além disso, algumas instituições educacionais
publicas e privadas da educação
básica e do ensino superior aderiram ao
ensino à distancia na tentativa de
suprir lacunas das aulas presenciais. É
certo que, a tecnologia com seus aspectos negativos e positivos já
estava incorporada no meio social
há tempos, através do teletrabalho, teleconferências, Skype, usos intensivos da
internet mas, com a necessidade do distanciamento social as aulas presenciais momentaneamente foram substituídas pelo trabalho
home office ainda que não tenha sido de forma democrática diante
das desigualdades sociais. Para tanto, uma indagação que ainda deve ser melhor observada e analisada é; como se procede neste momento de pandemia politicas publicas para o ensino escolar nas modalidades indígena e quilombola nos locais mais distantes do espaço urbano? No atual
contexto conturbado nossas subjetividades
são afetadas, assistimos as intolerâncias raciais e os
movimentos sociais clamando pelo
respeito à diversidade e alteridade. Em um dos relatos colhidos a entrevistada prioriza a educação de modo especial a indígena. É pertinente repensar as propostas
educacionais nas modalidades educacionais indígenas e quilombola
pois as finalidades dos pesquisadores sobre a temática relações raciais (e me incluo nessa)
podem ser invertidas, pois em vez de irem ao local colher dados, é
possível levar contribuições que agreguem valores no saber e
fazer dos quilombolas. É possível experimentar alternativas, mas precisam
ser efetuadas pois para o autor Maurizio Lazarato (2006), um acontecimento não traz soluções rápidas,
mas produz efeitos, abrem questionamentos
e nos faz indagar.
A
politica publica sobre o espaço urbano
também é um aspecto revelado na entrevista , porém, ao
falar sobre a cidade é necessário pensar nos laços de sociabilidades, o
estreitamento das relações até mesmo entre arte e vida como disse Maria Theresa
Azevedo (2019) mas além disso, é preciso também
refletir nas formas de habitação da sociedade brasileira e especialmente desta
capital mato-grossense. As desigualdades urbanas da sociedade brasileira, e de Cuiabá são marcadas pela política de
urbanização do final do século XIX e
início do século XX, pois
historicamente a segregação do espaço público constituiu-se pelo discurso do projeto politico de cidade
moderna. Para a urbanista Ermínia
Maricato (2016) as segregações do espaço público acentuam e evidenciam as
desigualdades urbanas, proporcionando impactos na saúde e no meio ambiente.
Nisia Trindade presidente da Fiocruz aponta que no cenário atual as condições de moradia, falta de saneamento básico torna-se
difícil a implementação dos processos de higienização. Diante das desigualdades sociais é possível
observar que, enquanto alguns segmentos sociais estão
confinados nos condomínios arejados bem ventilados e murados, outros estão nos bairros periféricos, nas favelas dividindo o
pequeno espaço entre quatro, cinco ou mais pessoas. Segundo Paula Hori
(s/d) as contradições existentes na cidade
são inevitáveis pois a segregação do espaço publico constitui de privilégios e portanto são investidos
recursos. Contudo é questionador pensar
na qualidade de vida do morador
citadino nos locais suscetíveis a doenças sem que
a administração publica
promova uma politica
urbana, um ambiente mais
saudável especialmente nos espaços onde os recursos não chegam, dai a prioridade pelo tema colhida em um dos relatos. Observa-se que o
Covid 19 não escolhe classe
social, mas a péssima divisão de rendas, as condições precárias de moradias,
somando aos problemas sociais, educacionais, físicos atingem, em maior escala, o segmento social
mais carente. É possível sanar
deficiências a exemplo o
saneamento básico com mais comprometimento político, econômico e
institucional.
De
modo geral, sem a vacina e sem remédio
apropriado o funcionamento estrutural da
cidade após a crise sanitária deve ser resinificado,
a apropriação dos espaços públicos precisam ser revistos uma vez que, o espaço urbano é um local de afetos, de conflitos, de negociações,
de consumismo de ideias, ideais e
de manifestações artísticas.
As incertezas são diversas e provocam
questionamentos plurais, o fenômeno
pandêmico trouxe mudanças positivas e
negativas, o confinamento social exige alguns protocolos higiênicos essenciais para os cuidados com a saúde, por
outro lado quantas vidas ceifadas. Acrescenta-se
ainda, a fragilidade do Sistema de Saúde
(SUS) mas por outro lado, é valido ressaltar também que
embora a referida instituição
esteja em evidencia com a crise
sanitária, observa-se a importância
da mesma à população com menor
renda. Tentamos criar alternativas de vida, vivemos buscando a longevidade
procurando modos de viver saudáveis, mas não sabemos o que nos espera, não
dominamos mutações de vírus.
No momento especialistas pesquisam sobre a vacina, mas
ainda são caminhos que estão sendo traçados pela
ciencia, são projeções para um mundo possível. Contudo, o vírus precisa ser controlado, mas é
importante perceber que o momento nos convida a pensar o que antes era
impensável(SABER.Tales.A’b. 2020). Para finalizar
utilizo as palavras de Fernando Sabino (1956), “depois de tudo três coisas ficaram; a certeza de que estamos sempre
começando, a certeza de que era preciso continuar e a certeza de que seria interrompido antes de terminar. É preciso fazer da
interrupção um caminho novo.”
Referencias
AZEVEDO. Maria Theresa. Cuiabá, 300 Sombrinhas: Cartografias de
Afetos e Percursos de Memória.
LAZZARATO. Maurizio. As revoluções do capitalismo I Maurizio Lazzarato; tradução de
LAZZARATO. Maurizio.
Leonora Corsini. - Rio de janeiro: Civilização Brasileira, 2006.
MARICATO. Erminia. Melancolia na Desigualdade Urbana. Observatório das Metrópoles. Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia, 2017. Disponível em: https://www.observatoriodasmetropoles.net.br/melancolia-na-desigualdade-urbana-erminia-maricato/ Acesso em 06 de julho de 2020.
HORI, Paula. Práticas Urbanas
Inovadoras, Insurgentes, Democráticas. XI Colóquio Quapa Sel – Quadro do Paisagismo
no Brasil Salvador– Bahia – UFBA. 2016.
[1]
É uma doença causada pelo Coronavírus
SARS-CoV-2, que apresenta um quadro clínico que varia de infecções
assintomáticas a quadros respiratórios graves. In; https://coronavirus.saude.gov.br/sobre-a-doenca#o-que-e
covid. Um novo Coronavírus humano, que
agora é chamado síndrome
respiratória aguda grave coronavírus 2
(SARS-CoV-2) (anteriormente
denominado HCoV-19), surgiu em Wuhan, China, no fim de 2019 e agora é
responsável por uma pandemia in; http://www.toledo.ufpr.br/portal/artigos-cientificos-covid
19/. Várias evidências excluem a hipótese de que o Sars-CoV-2 tenha tido uma
origem laboratorial. No caso da Sars, sabe-se que o vírus foi transmitido de
morcegos para civetas e desses hospedeiros intermediários para o homem, mas
para o Sars-CoV-2 essa questão permanece em aberto. Em dezembro de 2019,
iniciou-se um surto que atingiu cerca de 50 pessoas na cidade de Wuhan, na
China. A maioria dos pacientes tinha sido exposta ao mercado Huanan. Esse
mercado comercializava frutos do mar, mas também animais silvestres,
frequentemente vendidos vivos ou abatidos no local. Contudo, vários pacientes
desse surto inicial não tiveram relação epidemiológica com o mercado, abrindo a
possibilidade de que outras fontes de infecção pudessem estar envolvidas.IN; https://pfarma.com.br/coronavirus/5439-origem-covid19.html,
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