Dalila Rodrigues
O início do ano de 2020 foi
de plena transformação no cotidiano das pessoas em todo mundo. O impacto
trazido pela pandemia do novo coronavírus mudou rotinas, hábitos, crenças,
perspectivas de vida e nos trouxe o questionamento: o que esperamos do mundo
pós pandemia? Essa pergunta não tem apenas uma resposta, pois a subjetividade
nos leva a caminhos diferentes, porém a metamorfose causada pela covid-19 abriu
um caminho para mudanças, e a definição de essencial está sendo repensada.
Segundo Maurizio Lazzarato
“Essa nova articulação de possibilidades e de desejos inaugura, por sua vez, um
processo de experimentação e de criação.” Em um mundo globalizando onde a
economia domina a sociedade, um novo acontecimento “também faz emergir novas
possibilidades de vida” (LAZZARATO, 2006). Experiências compartilhadas na
página Cidade Possível da rede social Facebook nos mostra que interlocutores visualizam
possibilidades de ressignificação, é o que afirma a jornalista Celly Alves ao
relatar mudança de prioridade em sua vida familiar, “Percebemos que dá para
viver com menos, menos consumimos. É uma mudança que dá para levar para o resto
da vida. Se todo mundo fizesse isso, o mundo com certeza mudaria para melhor,
com menos consumimos, menos lixo, menos ganância, as pessoas se preocupando
mais com próximo”.
Fomos convidamos a pensarmos
nas mudanças mais profundas, naquelas transformações que devem moldar a
realidade à nossa volta. Um mundo moderno, voraz, onde o tempo é considerado
valioso, interromper esse fluxo está sendo desafiador. Bauman (2001) diz que “A
modernidade começa quando o espaço e o tempo são separados da prática da vida e
entre si, e assim ser teorizados como categorias distintas e mutuamente
independentes da estratégia e da ação...”
Refletindo sobre os avanços
do século 21, marcado pela tecnologia, ficou comprovada com a pandemia que há
limites. Não estamos imunes. Reverberar sobre o futuro com rupturas causadas na
atualidade nos possibilitará ressignificar o amanhã, em cenários prováveis que
começam a emergir no mundo pós pandemia. O que tem feito sentido? Quais são as
prioridades? O mundo não será como antes? Questionamentos que ainda não temos
respostas absolutas, mas nos encaminham para uma trilha de possibilidades, que
serão inseridas no cotidiano com a nossa permissão, seja individual ou coletiva
em busca de um novo mundo possível.
LAZZARATO,
M. As revoluções do capitalismo. Rio de Janeiro: Civilização
Brasileira, 2006.
BAUMAN,
Zygmunt. Modernidade Líquida. Rio de Janeiro: Zahar, 2001.
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