segunda-feira, 13 de julho de 2020

O acontecimento que refletiu em um novo mundo possível




                                                                                                            Dalila Rodrigues 


O início do ano de 2020 foi de plena transformação no cotidiano das pessoas em todo mundo. O impacto trazido pela pandemia do novo coronavírus mudou rotinas, hábitos, crenças, perspectivas de vida e nos trouxe o questionamento: o que esperamos do mundo pós pandemia? Essa pergunta não tem apenas uma resposta, pois a subjetividade nos leva a caminhos diferentes, porém a metamorfose causada pela covid-19 abriu um caminho para mudanças, e a definição de essencial está sendo repensada.
Segundo Maurizio Lazzarato “Essa nova articulação de possibilidades e de desejos inaugura, por sua vez, um processo de experimentação e de criação.” Em um mundo globalizando onde a economia domina a sociedade, um novo acontecimento “também faz emergir novas possibilidades de vida” (LAZZARATO, 2006). Experiências compartilhadas na página Cidade Possível da rede social Facebook nos mostra que interlocutores visualizam possibilidades de ressignificação, é o que afirma a jornalista Celly Alves ao relatar mudança de prioridade em sua vida familiar, “Percebemos que dá para viver com menos, menos consumimos. É uma mudança que dá para levar para o resto da vida. Se todo mundo fizesse isso, o mundo com certeza mudaria para melhor, com menos consumimos, menos lixo, menos ganância, as pessoas se preocupando mais com próximo”.
Fomos convidamos a pensarmos nas mudanças mais profundas, naquelas transformações que devem moldar a realidade à nossa volta. Um mundo moderno, voraz, onde o tempo é considerado valioso, interromper esse fluxo está sendo desafiador. Bauman (2001) diz que “A modernidade começa quando o espaço e o tempo são separados da prática da vida e entre si, e assim ser teorizados como categorias distintas e mutuamente independentes da estratégia e da ação...”
Refletindo sobre os avanços do século 21, marcado pela tecnologia, ficou comprovada com a pandemia que há limites. Não estamos imunes. Reverberar sobre o futuro com rupturas causadas na atualidade nos possibilitará ressignificar o amanhã, em cenários prováveis que começam a emergir no mundo pós pandemia. O que tem feito sentido? Quais são as prioridades? O mundo não será como antes? Questionamentos que ainda não temos respostas absolutas, mas nos encaminham para uma trilha de possibilidades, que serão inseridas no cotidiano com a nossa permissão, seja individual ou coletiva em busca de um novo mundo possível.

LAZZARATO, M.  As revoluções do capitalismo.  Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2006. 
BAUMAN, Zygmunt. Modernidade Líquida. Rio de Janeiro: Zahar, 2001.




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