terça-feira, 7 de julho de 2020

A existência de um "mundo novo".


                                                                                                 Thiago Oliveira da Silva

     A pandemia provocada pelo COVID-19 ocasionou um acontecimento que produziu mudanças radicais nas relações sociais, políticas, econômicas, nas vivências, atingindo direta ou indiretamente todas esferas da sociedade, e também na transformação da subjetividade, ou seja, o que antes era permitido/aceitável agora não é mais, irrompe então a questão sobre a possibilidade de um “outro mundo” como cerne dessa transformação (LAZZARATO, 2006).
     Uma das propostas deste projeto era selecionarmos pessoas que estivessem dispostas a nos enviar um vídeo com sua visão da possibilidade de um mundo novo após a pandemia e posteriormente publica-lo na comunidade Cidade Possível no Facebook, no vídeo do interlocutor Marco Aurélio vai de encontro com a possibilidade de um mundo novo após a pandemia conforme os conceitos do autor acima. Acrescento ainda que, após dois dias de receber o vídeo recebi uma ligação do Marco dizendo que precisava conversar já que ele e sua família teriam que ir para a linha de frente do COVID-19, para cuidar de um sobrinho menor de idade conforme o código civil brasileiro em que os pais foram acometidos pela COVID-19.
     Segundo LAZZARATO (2006) os acontecimentos desse mundo novo também são capazes de emergir novas possibilidades de vidas, não se trata então de uma ruptura abrupta de pré/pós pandemia por exemplo. E sim, de acontecimentos que permeiam todo o processo de transformação da possibilidade de um mundo novo.
     Para MARCO (2020) “a vida após a pandemia é um ponto de interrogação para todos nós e é inimaginável pensar que tudo será como antes da pandemia”. Essa frase reforça uma das características dos acontecimentos que é o caráter imprevisível, sem aviso, sem direção, sem controle – simplesmente os acontecimentos surgem e provocam seus efeitos. Nas palavras de SILVA (2014) ao descrever sobre a sociedade moderna estabeleceu que as relações acontecem em uma velocidade tão alucinante que qualquer coisa se torna descartável: as pessoas, os projetos, os objetos, as sensações. Entretanto, com o acontecimento da pandemia a velocidade dessas relações foram reduzidas, transformadas ou freadas.
     Umas das reflexões que estiveram presente na fala dos interlocutores foram que a vida terá uma ressignificação pós pandemia, os valores da família, amigos, o amor, a fé, dentre outros terão uma atenção especial, pois, conforme os interlocutores o mundo estava sufocado por pessoas que não tinham mais tempo para relacionar-se com os indivíduos ao seu redor. O acontecimento então cria uma nova mistura de corpos e também novas formas de convivência em que um outro mundo possível é apenas um dos inúmeros resultados. Por fim, “o mundo possível existe” e novos significados sobre as relações com tudo aquilo que acontece é modificado, por exemplo, as imagens, as palavras, um contagio de vírus por todo o planeta, fazem com que exista uma nova avaliação: “a distribuição dos desejos mudou”, como aponta LAZZARATO (2006, p. 21).
           
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.

LAZZARATO, M. As revoluções do capitalismo. Civilização Brasileira. Rio de Janeiro, 2006.

SILVA, R. T. F. Entre o Instantâneo e o Ritual: uma Prática de Intervenção Urbana. Cena em Movimento, n. 4, 2014.

https://m.facebook.com/groups/410511635823766?view=permalink&id=1431902647017988 <acessado em 07/07/2020>



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