segunda-feira, 20 de julho de 2020

APRESENTAÇÃO

Maria Thereza Azevedo

Um acontecimento não é a solução de problemas, mas a abertura de possíveis.

Lazzarato

 

O projeto MUNDOS POSSÍVEIS emerge da disciplina: Poéticas Contemporâneas I: Estéticas emergentes da cidade, ministrada no ECCO/UFMT  no primeiro semestre de 2020.  Todos os anos, desde 2009, realizamos uma ação poética urbana em Cuiabá, no mês de abril, mês do aniversário da cidade e criamos um blog para postar os textos referentes à intervenção daquele ano.  Neste ano, especialmente, em função do isolamento, a disciplina continuou on line e a ação também ocorreu on line. A proposta foi então formulada: Diante do quadro de isolamento social em que vivemos hoje no mundo, diante da crise de valores que o ser humano sofre no tempo presente e entendendo esta etapa como transição, assim como foram as guerras e outras pandemias  no passado, a proposta é a realização de uma ação em que se manifeste uma semente dessa vida por vir. O que projetamos? O que queremos? Em que estamos mudando?

A pesquisa se deu por meio de gravações em vídeo de depoimentos de pessoas próximas, para tecer possíveis reflexões sobre a temática. Cada um dos alunos (mestrado e doutorado) foi buscar entre os conhecidos estas falas que estão postadas em cada um dos textos apresentados aqui.

Textos:

  • Ações xamânicas para reencontro entre cultura e natureza de Atílio Viviani Neto
  • Falas desejantes de personagens reais de um isolamento social mundial de Glaucos Luis Monteiro
  • Mundos Possíveis- a pandemia e a busca de aconselhamento – O que desejas? de Walker de Barros Dantas
  • Não somos marionetes, não estamos presos por coleiras eletrônicas. Há outras possibilidades de vida. de Maidi Leonice Dickman
  • Os desafios de um mundo possível pós pandemia. de Naiane Silva Gonçalves
  • Mundo possível pós-pandemia: conexões feitas a partir de um pé de manjericão. de Karina Figueredo Sousa
  • Um mundo possível para a próxima geração. de Hanna Thricya de Almeida Oliveira
  • Uma educação possível pós pandemia. de Cleusa Batista de Oliveira Costa
  • Sonhos possíveis: gestando um novo pulsar para a peste do mundo. de Claudyanne Rodrigues de Almeida
  • Tempo  de incertezas e Mundos Possiveis. de Maria de Lourdes Fanaia Castrillon
  • Reflexões, Acontecimentos, Pandemia: as expectativas de um mundo pós-COVID-19 de Julia Munhoz
  •  O acontecimento que refletiu em um novo mundo possível de Dalila Rodrigues 
  •  Realidades possíveis. de Cilene Leite de Mello
  • Sobre incertezas e empatia. de Madalena Nunes
  • A existência de um "mundo novo". de Thiago Oliveira da Silva


Ações xamânicas para reencontro entre cultura e natureza

Por: Atílio Viviani Neto
Manifesto árvore é uma ação + vídeo arte denúncia, para promover mudanças energéticas durante e pós pandemia. Tem como intuito promover xamanismo pela preservação ambiental em Vila Bela da Santíssima Trindade por meio de doação de mudas de árvores produzidas em quintais, plantio de árvores urbanas por cidadãos e valorização dos Biomas presentes no município de Vila Bela, território esse de grande biodiversidade já que possui biomas amazônico, cerrado e pantanal.


 


MANIFESTO: ÁRVORE  


     Desde os primeiros tempos datados da existência humana, essa velha entidade herbácea, acompanha o desenvolvimento de nossas humanidades até a formação das sociedades, em todos os cantos e mundos coexistentes;
     Contribuiu e contribui em várias dimensões para prosperidade das espécies, incluso a nossa; mesmo depois de nossa traição moderna ocidental, humana, de negar a Natureza e nos autoproclamarmos cultura, a “Cultura” hierarquicamente superior; ainda assim essa gigante não deixou de nos proteger, acalentar, alimentar, climatizar, fornecer combustível e matéria prima para nossos aprimoramentos técnicos.
     Inspirou e participa de religiões: Bíblicas, do Corão, dos Budas, Orixás, Umbanda, Hindus, Ñanderu... No mundo do conhecimento é ativa simbólica: “Toda a filosofia é como uma árvore”; toma parte de teorias, pensamentos dos mais sofisticados, transmutou-se em sala de aula oferecendo a base de seus “pés” e sombras, testemunhou e foi local de aprimoramentos intelectuais e leis da gravidade; fez parte de movimentos contra opressores, lutou junto a levantes populares, colaborou para organizações de gentes, contraculturas, possibilitando discrição e camuflagem em meio ao seu verde.
     Foi biblioteca, medicina e ser encantado do sagrado feminina, templo de Celtas, Druidas; assumindo posição contra o império dos homens, brutos romanos, aceitando digna seu destino e queda, ó nobre Carvalho, e ardendo em chamas com suas companheiras bruxas;
     Mimetizou junto aos povos nativos na luta contra colonialismos, escravagismos e imperialismos; tornou-se magia pra para povos humanos sequestrados, vindos de outras árvores, que as reconheceram também como parentes; combateu lado a lado com Terezas de Benguela, Dandaras, Zumbis, Raonis, Guajajaras, Kopenawas, sendo escudos e labirintos;
     Ofereceu ser fortaleza para as Ocas, Tabas, Canudos, Quilombos...
     Nas guerras, acolhia os soldados nos poucos momentos de paz; foi envenenada e destruída muitas vezes por ordem de insensíveis coronéis e seus agentes laranjas, para que os homens fossem expostos e continuassem seus caminhos de luta e morte, agora em campo aberto e devastado; foi incendiada para queimar junto a seus abrigados, que estavam acalentados em seus “seios e seivas”.
     Hoje, as ciência e as políticas públicas reconheceram sua fundamental existência; humanos incrédulos e soberbos descobrem “outras” humanidades com ancestralidades reverenciadoras das Deusas Ervas; pensam esses ambiciosos e preocupados, em perspectivas reducionista, estrito taxonômica/econômica, e concluem atrasados, mais modernos: NÃO HAVERÁ VIDA SEM A PRESENÇA DELAS; em perspectiva Kármica, espiritual, sem elas o sofrimento será insuportável e a vida, sub-vida; para a poesia, arte e música, desintegra-se a inspiração; para os povos indígenas, a queda do céu, não sem antes haver luta por elas.
     E você, o que faz pela entidade ÁRVORE? Não temos mais tempo. Defende-la, plantar, insurgir contra o Ecocídio, não é mais opção. É humanidade. É vida. Retomar a fusão Cultura-Natureza. Somos natureza. Natureza é Cultura. Salve o Multinaturalismo.
   Clima, Água, Equilíbrio, Felicidade, Medicina, Biblioteca, Inspiração, Conhecimento, Estética, Musica, Matéria-Prima, Poesia, Amor, Magia, Ar, Horizonte, Flora, Fauna, Gente...Nós a reverenciamos, nos conduza Sabia Ancestral Vegetal!


APRESENTAÇÃO

Maria Thereza Azevedo Um acontecimento não é a solução de problemas, mas a abertura de possíveis. Lazzarato   O projeto MUNDOS POSSÍVE...